Por sua antiguidade e popularidade, a Bíblia é uma referência fundamental na história e na prática da leitura. Estima-se que, por inteiro ou em parte, a Bíblia já foi traduzida em mais de 1.900 idiomas e dialetos, e sua distribuição já passa de dois bilhões de exemplares, estando disponível a 98% da população da terra na sua própria língua. [1]
A Bíblia, originalmente, não era um só livro, mas uma coleção de livros. De fato, a palavra portuguesa “Bíblia” vem, através do latim, da palavra grega biblía, que significa “livrinhos”, e deriva de biblos, palavra que descreve a parte interna do papiro. A cidade fenícia de Gebal, famosa pela sua fabricação de papel de papiro, era chamada pelos gregos de “Biblos”. Assim, com o tempo, biblía passou a descrever diversos escritos, rolos, livros e finalmente a coleção de pequenos livros que constituem a Bíblia. O erudito Jerônimo do século VI EC (Eusebius Hieronymus), produtor da Vulgata latina, chamou esta coleção de Bibliotheca Divina.
A escrita dos primeiros cinco livros da Bíblia é atribuída a Moisés, em 1513 a.C., e o último livro incluído no cânon é a Terceira Epístola do Apóstolo João, datada do ano 100 d.C. A coleção protocanônica compõe-se de 66 livros [2], elaborados por cerca de 40 escritores. As línguas da parte da Bíblia escrita antes do primeiro século eram hebraico e aramaico (este último usado apenas nos livros de Esdras, Jeremias e Daniel).
No terceiro século a.C., as Escrituras Hebraicas (também chamadas de “Antigo Testamento”) foram traduzidas para o grego, que se tornara o idioma internacional, na mais importante das antigas versões das Escrituras Hebraicas, e a primeira verdadeira tradução escrita a partir do hebraico. Ficou conhecida como a “Septuaginta” (significando “Setenta”) grega. Segundo a tradição, sua tradução começou em cerca de 280 a.C., por 72 eruditos judeus de Alexandria, no Egito. Mais tarde, o número 70 veio a ser usado, e, assim, a versão foi chamada de Septuaginta (ou Versão dos Setenta). Evidentemente, foi terminada no segundo século a.C. Servia de Escritura para os judeus que falavam grego e foi usada amplamente até o início do século I, nos primórdios do cristianismo. Nas Escrituras Gregas Cristãs (ou “Novo Testamento”), a maioria das 320 citações diretas e o total combinado de talvez 890 citações e referências às Escrituras Hebraicas são baseadas na Septuaginta. [3]
Embora escritos hebraicos evidentemente fossem bastante comuns, encontraram-se poucas inscrições israelitas. Isto provavelmente se dá porque os israelitas não erigiram muitos monumentos para exaltar suas realizações. A maior parte da escrita, inclusive dos livros da Bíblia, sem dúvida foi feita com tinta em papiro ou pergaminho, e, portanto, não duraria muito no solo úmido da Palestina. A mensagem das Escrituras Hebraicas foi preservada durante os séculos por estas serem copiadas e recopiadas.
É digno de nota que no registro bíblico de eventos do século XVI a.C. há referências específicas à leitura e escrita, e a nação de Israel era incentivada a ler e a escrever. No livro bíblico de Deuteronômio, há o registro da ordem: “E estas palavras que hoje te ordeno tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa, e ao deitar-te e ao levantar-te, e... tens de escrevê-las sobre as ombreiras da tua casa e nos teus portões”. [4] Essa ordem implica no fato de que a prática da escrita e da leitura era popular entre os judeus, diferentemente de outras nações em que ela era reservada a uma elite sacerdotal. Também, é possível concluir que a prática da leitura era uma atividade familiar e uma responsabilidade do pai.
Além de a leitura ser praticada na família, em muitas ocasiões a leitura pública ocupava uma posição importante nas atividades dos israelitas. Por volta do século XV a.C., quando os israelitas iniciavam seu estabelecimento na então terra de Canaã, após a vitória sobre a cidade de Ai, o registro bíblico diz:
“E escreveu ali sobre as pedras uma cópia da lei de Moisés, que havia escrito perante os filhos de Israel. E todo o Israel, e seus anciãos, e os oficiais, e seus juízes estavam de pé deste e daquele lado da Arca, defronte dos sacerdotes, os levitas, que carregavam a arca do pacto de Jeová, tanto o residente forasteiro como o natural, metade deles diante do monte Gerizim e a outra metade deles diante do monte Ebal, (assim como Moisés, servo de Jeová, havia ordenado,) para em primeiro lugar abençoar o povo de Israel. E depois leu em voz alta todas as palavras da lei, a bênção e a invocação do mal, segundo tudo o que está escrito no livro da lei. Não se mostrou haver palavra alguma de tudo o que Moisés ordenara que Josué não lesse em voz alta diante de toda a congregação de Israel, com as mulheres e os pequeninos, e os residentes forasteiros que andavam no seu meio” [5]. (grifo acrescentado)
Outro registro que demonstra a importância e os cuidados na leitura pública encontra-se no livro de Neemias, escrito no século V a.C., que descreve os esforços de reconstituição da nação de Israel após o período de cativeiro em Babilônia, de 607 a 537 a.C. Segundo o relato, “todo o povo passou a ajuntar-se como um só homem na praça pública que havia diante do Portão das Águas. Disseram então a Esdras, o copista, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que Jeová ordenara a Israel. Por conseguinte, Esdras, o sacerdote, levou a lei perante a congregação de homens, bem como de mulheres e de todos os suficientemente inteligentes para escutar, no primeiro dia do sétimo mês. E ele continuou a lê-la em voz alta diante da praça pública que havia na frente do Portão das Águas, desde o amanhecer até o meio-dia, diante dos homens, e das mulheres, e dos outros inteligentes; e os ouvidos de todo o povo estavam [atentos] ao livro da lei. E Esdras, o copista, ficou de pé num estrado de madeira que fora feito para a ocasião; e ao lado dele estavam de pé Matitias, e Sema, e Anaías, e Urias, e Hilquias, e Maaseias, à sua direita, e à sua esquerda Pedaías, e Misael, e Malquijá, e Hasum, e Has-Badana, Zacarias [e] Mesulão. E Esdras passou a abrir o livro diante dos olhos de todo o povo, pois viera a estar acima de todo o povo; e abrindo-o ele, todo o povo se pôs de pé... os levitas, explicavam a lei ao povo, ao passo que o povo se mantinha de pé. E continuaram a ler alto no livro, na lei do [verdadeiro] Deus, fornecendo-se esclarecimento e dando-se o sentido [dela]; e continuaram a tornar a leitura compreensível” [6].
Observa-se no episódio uma preocupação com o aspecto físico da leitura, pela menção explícita de uma plataforma para o posicionamento do leitor acima da multidão, a fim de favorecer a propagação de sua voz. Do mesmo modo, a compreensão da leitura é mencionada com frequência, como algo a ser assegurado. Sua ausência representaria a não-realização do objetivo do evento. Em harmonia com isso, uma das palavras hebraicas traduzidas por ler, leitura ou similares é kawraw', que, segundo o dicionário bíblico de Strong, tem o sentido de “clamar para (i.e., propriamente, dirigir-se por nome, mas usado numa ampla variedade de aplicações); acusar (a si), chamar, convidar, mencionar, publicar, pronunciar, dizer, ler”. Essa palavra ocorre 41 vezes no texto hebraico. Outra palavra relacionada é mikraw', que segundo o mesmo dicionário tem o sentido similar de “algo chamado (invocado), i.e., uma reunião pública (a ação de chamar, as pessoas ou o local); também um ensaio, reunião, chamada, convocação, leitura”. [7]
É digno de nota que, pelo menos até o século V, o alfabeto hebraico possuía apenas consoantes, e não vogais. O leitor supria as vogais ao passo que lia, baseando-se no contexto. Por um lado, essa escrita ocupava muito menos espaço que outros idiomas vocálicos, como o grego, por exemplo. Entretanto exigia maior perícia do leitor, que precisava estar atento ao significado do texto. A partir do século V, os massoretas, que eram peritos copistas bíblicos, estabeleceram um sistema de sinais vocálicos e acentos como ajuda na leitura e na pronúncia. O texto hebraico com anotações marginais dos massoretas tornou-se conhecido como Massorá, e tem grande importância na pesquisa dos antigos textos hebraicos.
Nesse mesmo contexto, é interessante a ordem registrada pelo profeta Habacuque, que diz: “Escreve a visão e assenta-a de modo claro em tábuas, para que aquele que lê alto possa fazê-lo fluentemente”. [8] A palavra hebraica traduzida nessa versão por “fluentemente” é ruwts, cujo sentido literal seria “para que o leitor possa correr”. Assim, aqui também se observa a importância dada a que o suporte do texto favorecesse que a leitura fosse praticada de acordo com sua finalidade principal de então.
No nível individual, um relato referente ao juiz Gideão, que, segundo a cronologia bíblica viveu em Israel por volta do século XVIII a.C., diz: “E Gideão, filho de Joás, começou o seu regresso da guerra pelo passo que sobe a Heres. No caminho capturou um moço dos homens de Sucote e fez indagações dele. De modo que este lhe deu por escrito os nomes dos príncipes de Sucote e dos seus anciãos, setenta e sete homens” (grifo acrescentado). [9] O livro de Isaías, escrito no século VII a.C. contém a seguinte referência: “E o restante das árvores da sua floresta — ficarão em número tal que um mero rapaz as poderá anotar.” (grifo acrescentado). [10] As duas passagens indicam que a alfabetização já era comum entre os jovens.
O líder da nação de Israel por volta de 1500 a.C., Josué, relata que ao iniciar sua designação recebeu a seguinte ordem: “Este livro da lei não se deve afastar da tua boca e tu o tens de ler em voz baixa dia e noite, para cuidar em fazer segundo tudo o que está escrito nele; pois então farás bem-sucedido o teu caminho e então agirás sabiamente.” [11] Vale observar que a palavra hebraica traduzida por “ler em voz baixa”, diferente das anteriores, é ha-gah e, em muitas outras ocorrências, é traduzida por “meditar”, “imaginar” e “estudar”. Segundo o Dicionário Bíblico de Strong, “murmurar (por prazer ou ira); por extensão, ponderar, imaginar, meditar, chorar, falar para si, bradar, falar, estudar”. [12]
Os reis de Israel tinham entre suas incumbências o dever de escrever para si uma cópia da Lei e a ler diariamente. “E tem de suceder que, quando se tiver assentado no trono do seu reino, ele terá de escrever para si num livro uma cópia desta lei daquela que está ao cargo dos sacerdotes, os levitas. E tem de ficar com ele, e ele tem de ler nele todos os dias da sua vida, a fim de aprender a temer a Jeová, seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei e estes regulamentos, cumprindo-os”. [13] O objetivo dessa lei era assegurar que o rei tivesse íntimo contato com a Lei, e a conhecesse cabalmente, cumprindo a cópia pessoal essa finalidade.
Além do rei, os príncipes também tinham a leitura como trabalho, conforme evidenciado no seguinte registro: “E no terceiro ano de seu reinado [de Jeosafá] mandou chamar seus príncipes, (...) para que ensinassem nas cidades de Judá, e com eles os levitas (...) [e] os sacerdotes. E eles começaram a ensinar em Judá e tinham consigo o livro da lei de Jeová; e eles davam volta através das cidades de Judá e ensinavam entre o povo.” [14]
Depois de 537 a.C., no retorno dos judeus após o exílio em Babilônia, a leitura foi um importante instrumento para a reorganização da nação. “E continuaram a ler alto no livro, na lei do verdadeiro Deus, fornecendo-se esclarecimento e dando-se o sentido dela; e continuaram a tornar a leitura compreensível.” O relato dá conta de que houve “grande alegria, porque tinham entendido as palavras que se lhes deram a conhecer.” [15]
Com o passar do tempo, surgiu uma demanda de cópias dos seus diversos livros. Por exemplo, era assim depois do exílio babilônico (607-537 a.C.), porque nem todos os judeus libertos retornaram à terra de Judá. Antes, muitos se estabeleceram em outros lugares, e no vasto território da resultante diáspora judaica [16] surgiram sinagogas. Escribas prepararam cópias das Escrituras, necessitadas por essas sinagogas em que os judeus se reuniam para ouvir sua leitura. Os escribas eram copistas das Escrituras; mais tarde, alguém instruído na Lei. A palavra hebraica sofér, que deriva duma raiz que significa “contar”, é traduzida “secretário”, “escriba”, “copista”; e a palavra grega grammateús é vertida por “escriba” e “instrutor público”. O termo subentende alguém que tem instrução. Foi nos dias de Esdras, o sacerdote, que os escribas (sohferím, “soferins”) começaram a ter destaque como grupo distinto. Eram copistas das Escrituras Hebraicas, muito cuidadosos no seu trabalho, e que tinham horror a erros.
Os escribas, ou soferins, antecessores dos massoretas, tornaram-se extremamente meticulosos, utilizando processos de contagem não só das palavras copiadas, mas também das letras, para assegurar-se de que a cópia havia sido feita corretamente. De fato, a palavra soferim traduz a palavra só-fer, um dos significados desta sendo justamente “contar”. Até alguns séculos depois de Cristo, o hebraico escrito consistia apenas em consoantes, e a omissão ou o acréscimo de uma única letra frequentemente transformaria uma palavra em outra. Quando descobriam o menor erro que fosse, o erro de escrita de uma única letra, toda aquela seção do rolo era rejeitada como imprópria para uso na sinagoga. Daí, esta seção era cortada e substituída por uma nova sem defeitos. Eles liam em voz alta cada palavra antes de escrevê-la. Escrever nem que fosse uma só palavra de memória era considerado um grave pecado. [17]
O chamado Novo Testamento (ou Escrituras Gregas Cristãs) foi originalmente escrita em grego, com exceção do Evangelho de Mateus, que foi escrito em hebraico. Isto tornou possível a leitura da Bíblia por parte da maioria das pessoas alfabetizadas no Império Romano oriental, onde o latim tivera pouca adoção, e para os judeus na Palestina da diáspora, que, em sua maioria, utilizavam o grego. Embora os judeus a princípio rejeitassem o helenismo e seus modos, o uso da língua grega não era evitado, e os instrutores palestinos o consideravam uma forma favorável para levar sua mensagem aos povos gentios.
As cópias das Escrituras Hebraicas, conforme traduzidas para o grego na Versão dos Setenta, eram poucas, mas as evidências demonstram que a prática da leitura era acentuada entre os primeiros cristãos, tanto da Judeia como em outras regiões, que em caráter individual quer em público. O evangelista Lucas, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos, referindo-se aos cristãos da cidade de Bereia (atual Veróia), na Macedônia, visitada pelo apóstolo Paulo, no ano 50 EC, disse que “estes últimos (os bereanos) eram de mentalidade mais nobre do que os de Tessalônica, pois recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim.” [18]
Ainda Lucas, no mesmo livro de Atos, relata que Felipe, em viagem de evangelização para o sul, em direção a Gaza, na chamada “estrada do deserto”, encontrou um eunuco etíope, alto funcionário da corte da rainha Candace. Convertido ao cristianismo, ele dirigia-se a Jerusalém com finalidades religiosas, e, já no retorno, “estava sentado no seu carro, e lia em voz alta o profeta Isaías”. O relato é interessante por indicar a posse do livro, e pelo fato de estar lendo “em voz alta”. Por sua posição de autoridade, é possível assumir que ele tivesse um condutor em seu coche, e, portanto, aproveitava o tempo lendo, fazendo-o, porém, em voz alta para reforçar sua própria concentração, já que não havia público para sua leitura.
A leitura pública também era frequente. Lucas registra que “desde os tempos antigos, Moisés tem tido em cidade após cidade os que o pregam, porque ele está sendo lido em voz alta nas sinagogas, cada sábado”. [19] De fato, em seu evangelho, Lucas relata a respeito de Jesus Cristo que “ele chegou a Nazaré, onde tinha sido criado; e, segundo o seu costume no dia de sábado, entrou na sinagoga e levantou-se para ler.” [20] Também, sobre o apóstolo Paulo em sua primeira viagem missionária, por volta de 47-48 EC, Lucas diz que “[e]les, no entanto, seguiram de Perge e vieram a Antioquia, na Psídia, e, entrando na sinagoga no dia de sábado, tomaram assento. Depois da leitura pública da Lei e dos Profetas, os presidentes da sinagoga mandaram dizer-lhes: “Homens, irmãos, se tiverdes alguma palavra de encorajamento para o povo, dizei-a.” [21]. O relato harmoniza-se com fontes rabínicas, que dão conta que era costumeiro que, na leitura pública, lia-se o Shema [22], seguida da leitura da Tora, e por fim, trechos dos profetas, junto com uma explanação apropriada. Na conclusão da leitura pública, proferia-se um discurso ou exortação.
A leitura desempenhou um papel importante no crescimento do cristianismo. O apóstolo Paulo realizou três viagens missionárias com essa finalidade, e suportou seu trabalho largamente pela palavra escrita. Do cânon bíblico, quatorze cartas são atribuídas à sua autoria, e circulavam entre as comunidades cristãs em várias regiões. Em sua carta à comunidade cristã em Colossos, na Ásia Menor, por exemplo, na conclusão ele instrui que “quando esta carta tiver sido lida entre vós, providenciai para que seja também lida na congregação dos laodicenses, e para que leiais também a de Laodiceia” [23].
O acompanhante de viagens mais frequente de Paulo, Timóteo, foi instruído por ele a “aplicar-se à leitura pública, à exortação e ao ensino”. [24] De fato, a palavra grega traduzida para “ler” é anaginósko, que literalmente significa “bem saber” (ana, como prefixo, significa repetição, intensidade; ginósko, significa entendimento, conhecimento). O termo anágnosis é traduzido por “leitura pública”. [25]
Adicionalmente, vale ressaltar que o dialeto grego utilizado pelos escritores cristãos era o koiné, que significa “língua comum” ou “comum a todos”. Compunha-se de uma mistura de diferentes dialetos, dos quais o ático era o mais influente. De 300 a.C. e 500 d.C. era a língua internacional. Os decretos dos governadores imperiais e do senado romano eram traduzidos para o koiné, a fim de serem distribuídos. Assim, conforme o registro evangélico, a acusação afixada acima da cabeça de Jesus Cristo quando de sua execução, foi escrita não só em latim oficial, e em hebraico, mas também em grego (koiné). Sobre o uso do grego na terra de Israel, Bentwich comenta: “Embora o grosso do povo judaico rejeitasse o helenismo e seus modos, o intercâmbio com os povos gregos e o uso da língua grega não era de forma alguma evitado... Os instrutores palestinos consideravam de forma favorável a tradução grega das Escrituras, como um instrumento para levar a verdade aos gentios” [26].
Assim, são muitas as evidências internas no texto bíblico de que tanto a leitura individual, em voz alta ou em silêncio, como a leitura pública era encorajada e praticada, não obstante o fato de o processo de cópias dos textos ser bastante moroso.
[1] Estudo Perspicaz das Escrituras. Vol. 2, p. 687.
[2] Em 1546, no Concílio de Trento, a Igreja Católica Romana declarou sete outros livros como sendo parte do cânon original, bem como suplementos aos livros de Ester e Daniel.
[3] Estudo Perspicaz das Escrituras. Vol 2, p. 11.
[4] Deuteronômio 6:6-9.
[5] Josué 8:32-35.
[6] Neemias 8:1-8.
[7] STRONG Dictionary.
[8] Habacuque 2:2.
[9] Juízes 8:13-14.
[10] Isaías 10:19.
[11] Josué 1:8.
[12] STRONG Dictionary.
[13] Deuteronômio 17:14-19.
[14] 2º Crônicas 17:7-9.
[15] Neemias 8:6-8, 12.
[16] Segundo o Atlas do Mundo Judaico, “é difícil determinar números exatos, mas estima-se plausivelmente que pouco antes [do ano 70 EC] houvesse dois milhões e meio de judeus na Judeia e bem mais de quatro milhões na diáspora romana. (...) É provável que os judeus representassem cerca de um décimo de toda a população do império e, nos lugares em que a concentração deles era maior — nas cidades das províncias ocidentais —, devem ter constituído uma quarta parte, ou mais, dos habitantes”.
[17] Estudo Perspicaz das Escrituras. Vol. 1, p. 839.
[18] Atos dos Apóstolos 17:11.
[19] Atos 15:21.
[20] Lucas 4:16.
[21] Atos 13:15.
[22] Shema é o equivalente à confissão de fé judaica, tirada de Deuteronômio 6:4-9; 11:13-21 e Números 15:37-41.
[23] Colossenses 4:16.
[24] 1 Timóteo 4:13.
[25] VINE, W. E. O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, p. 747.
[26] BENTWICH, N. Hellenism [Helenismo], 1919, p. 115. Apud Estudo Perspicaz das Escrituras. Vol. 2, p. 162.