III. A leitura em ambiente digital | História da Leitura

III. A leitura em ambiente digital

No campo das comunicações, tanto no final do século XIX como no início do século XX, foram desenvolvidas e disponibilizadas uma enorme quantidade de soluções utilizando muitas formas de tecnologia, que tiveram marcante influência da comunicação, a começar pela utilização do vapor como força propulsora.

Vários engenheiros e inventores participaram da utilização do vapor para a realização de trabalho mecânico, a primeira datando do século I, quando Heron de Alexandria documentou a eolípila, que na época não teve nenhuma aplicação prática. Aperfeiçoada por James Watt (1736 – 1819) em 1775, passou a ter aplicação industrial, sendo usada por moinhos em 1790, para barcos e locomotivas em 1804 e em 1811 para a imprensa. O conceito de “energia” ligado à produção passou a ser definido mais concretamente. Alguns historiados consideram o motor a vapor como o ícone máximo do que pode ser considerada a Primeira Revolução Industrial, ao passo que o desenvolvimento da eletricidade marcaria, cerca de cem anos depois, a Segunda Revolução Industrial [1].

Ao vapor aliaram-se novos e grandes desenvolvimentos como a eletricidade, a expansão das redes ferroviárias e marítimas, a modernização dos correios com o advento do telégrafo, a invenção do telefone por Grahan Bell em1876, do rádio, por Guglielmo Marconi, em 1898, e do cinema pelos irmãos Lumière [2], em 1895. Todas essas inovações alteraram definitivamente os processos de comunicação, e, consequentemente, as práticas de leitura. Entretanto, para os fins dessa pesquisa, será considerada uma breve história dos computadores e da internet, por serem esses os meios mais ligados ao objeto de pesquisa. Em harmonia com essa trajetória, Briggs afirma:

Embora a história da tecnologia não seja o único elemento na história da mídia da segunda metade do século XX, os computadores devem vir em primeiro lugar em qualquer análise histórica, pois logo que deixaram de ser considerados simples máquinas de calcular – e isso só aconteceu no começo da década de 1970 –, eles passaram a fazer com que todos os tipos de serviços, e não somente os de comunicações, tomassem novas formas. [3]

Muitos dos desenvolvimentos que tiveram lugar nas últimas décadas não foram sequer imaginados antes de seu surgimento. Entretanto um visionário artigo escrito pelo Dr. Vannevar Bush (1890 – 1974) em 1945, continha vislumbres do que seriam futuramente o hipertexto, os computadores pessoais, a Internet, o serviço WWW, e as enciclopédias online. Para a implementação de seus conceitos, ele propôs a construção de uma máquina chamada memex, um sistema composto de informações armazenadas em microfilmes e sistemas capazes de estabelecer ligações entre as informações. Conceitualmente, o memex é considerado um precursor do hipertexto [4].


[1] CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede, p. 71.

[2] Auguste Marie Louis Nicholas Lumière (1862–1954) e Louis Jean Lumière (1864–1948).

[3] BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Op. cit., p. 83.

[4] VANNEVAR, Bush. As We May Think.

© Marco Antonio Simoes 2022